10 fevereiro, 2008

Juno, por Rodrigo Mathias

Com Jennifer Garner, Allison Janney, Jason Bateman, Ellen Page, Michael Cera e dirigido por Jason Reitman

"Comédia dramática indie inova nos fazendo rir e nos emocionar sendo a maior surpresa do ano."

Juno ainda não estreou no cinema mas como tiveram diversas pré estréias, não pensei em outra coisa a não ser assistir. Sinceramente, odeio ir ver algum filme com expectativas mas, infelizmente foi assim com Juno. Fui assistir com a perspectiva de ser um filme normal. E o melhor, não é!

Jason Reitman é um diretor que inovou com o filme "Obrigado por Fumar" (apesar de não achar o filme muito bom) e inova de novo em um tema fadado a piadas e situações parecidas. O filme é simplesmente magnífico em todos sentidos. Um filme independente que faturou milhões e foi considerado um hit nos Estados Unidos, vem com tudo para repetir o sucesso no Brasil.

Juno é uma garota considerada diferente, como muitas atualmente, e por azar em sua primeira transa acaba engravidando. O filme conta como que a pequena e amável Juno resolve os problemas de uma gravidez prematura.

Como todos sabemos, a adolescência é a fase mais complicada de qualquer um. É o momento de descobrirmos novas coisas, se apaixonar, tomar decisões que irão nos acompanhar para o resto da vida e em alguns casos pode não ter volta. E é esse o ambiente que Diablo Cody criou em seu primoroso roteiro, que nos faz sentir na pele o quê está passando na tela sendo um dos roteiros mais originais que podemos conferir das últimas décadas. O maior acerto de Cody, foi o realismo passado para a tela e retratar a adolescência exatamente como ela é. E o melhor disso, é que ela conseguiu equilibrar o clima de comédia com o drama. Sim, ela nos deu cenas de dar risadas e outras que nos faz se emocionar. Eu ainda passo pela adolescência e sinto como que é, o que fez eu me apaixonar ainda mais pelo filme e pela sua protagonista.

Juno, vivida por Ellen Page é uma adolescente rebelde, diferente e que engravida. Se não fosse por Ellen Page, o filme não transmitiria o que deveríamos sentir. Page faz uma atuação ideal para a personagem e o maior trunfo é a bi dimensão em que ela faz isso. Ela atua com uma naturalidade imensa, que chega a impressionar, nos fazendo acreditar que ela é Juno mesmo. As falas não parecem simplesmente decoradas e sim realizadas na vida real. Não é simplesmente uma atuação, é a incorporação de uma personagem que poderíamos encontrar sendo nossas vizinhas.

Ellen Page e Michael Cera

O elenco do filme é outro trunfo. Cada atuação faz com que o filme fique com um tom mais realista. As atuações da madrasta de Juno (Allison Janney), do pai de Juno (J.K. Simmons), do futuro pai adotivo (Jason Bateman), de sua esposa (Jennifer Garner) e do pai da criança (Michael Cera) se completam num ritmo de comédia e competentemente no drama.

Reitman é um dos grandes nomes do filme, ele conseguiu dirigir o filme com uma sensibilidade imensa, que a história parece fluir de maneira magistral. É como se estivéssemos vendo um caso real, um caso que aconteceria com qualquer um de nós. Diga-se de passagem, algumas cenas chegam a beirar a perfeição nas mãos dele. Competentemente, ele pega os melhores closes em determinadas cenas e faz com que o filme fique ainda melhor.

Uma das coisas que mais me chamou a atenção é a trilha sonora do filme, com músicas inspiradíssimas e muito bem escolhidas faz o clima do filme ficar ainda melhor. As melhores músicas são: "All I Want Is You" que passa nos créditos iniciais, "A Well Respected Man" que passa quando somos apresentados ao pai da criança e a magnífica "Anyone Else But You" que passa em duas das melhores cenas do filme.

O filme emociona, te faz dar boas risadas, te faz pensar, te faz ver a adolêscencia com outros olhos. Se não fosse tão inovador seria mais um filme que se perderia com o tempo, mas não; Juno é um dos melhores filmes do ano e uma das melhores "dramédias" que eu já vi. Sem nenhuma dúvida me marcou de uma forma que realmente sensibiliza e emociona que provavelmente irá fazer o mesmo com você.

NOTA:

Crítica por Rodrigo Mathias