02 julho, 2008

Crítica dos Cinéfilos

Wall•E

Dirigido por Andrew Stanton. Com as vozes criadas por Ben Burtt. E também: Fred Willard, Sigourney Weaver, Jeff Garlin, John Ratzenberger, Kathy Najimy, Elissa Knight.

Por Rodrigo Mathias


A Pixar começou a produzir animações em 1995, com o inovador e excepcional Toy Story, que com certeza pode ser considerada uma obra-prima. Depois vieram muitos outros, como: Toy Story 2, Vida de Inseto, Monstros S.A., Procurando Nemo,Os Incríveis, Carros e Ratouille. Um curriculo invejável e que vem demonstrando, desde o principio, o amor ao cinema. A Pixar é uma das unicas produtoras atuais que realmente querem fazer cinema, querem levar ao público uma história comovente, interessante, enfim, mostrar cinema da forma que ele é. Logicamente, que com os investimentos na estética do filme, o filme fica muito mais lindo visualmente. Mas isso não é o importante para eles, tanto que todos os filmes são acima da média. Nenhum dos filmes da Pixar eu considero ruim. Em fins de 2006, a imprensa ficou sabendo da mais nova empreitada da Pixar. O pouco que sabiamos é que seria um filme demonstrando o planeta em seu fim e explorando o universo dos robôs. Desde lá, a premissa parecia ser promissora, mas não esperava ser o que vi. O filme chega a ser tão primoroso que literalmente entra no ranking da melhor animação que já vi. Ultrapassa o clássico Toy Story e o mágnifico Procurando Nemo. Não que seja muito, mas com certeza é um filme para entrar para história.

Em seu inicio, vemos o planeta Terra com prédios de lixo e apenas um movimento na tela. O robozinho, que conduzirá o filme até seu fim, está se movimentando entre os lixos e arrumando o que os humanos deixaram para trás. Apenas o barulho dele se movimentando e uma música de fundo, o que mais seria preciso? Sim, digamos que 95% do filme é completamente sem falas. O filme ganha um ponto positivo por isso. Quem disse que filmes necessitam de falas para fazer com que o expectador entenda? Antigamente, os filmes mudos davam conta do recado e foi sendo esquecido. O filme em preto e branco era comum, até começarem com o processo de cor. Mas até hoje vemos produções sendo lançadas em preto e branco. Por que não poderiamos ver um filme que dá mais importancia às expressões, já que as mesmas equivalem a 1000 palavras?

Foi essa a inovação da Pixar, simplesmente investir tudo aquilo num filme fora dos padrões não é nada a mais que paixão pelo cinema. Seja da forma que ele quiser. A história conta que os humanos não tinham mais espaço na Terra, e foram viver no espaço, enquanto os robôs ficariam ajeitando o que os humanos fizeram. Wall• E foi esquecido na Terra, porém, continuou a trabalhar com o que ele foi programado. Todos dias, somos apresentados a ele indo até as grandes quantidades de lixo e as transformando em cubos. Ele e sua única "amiga", a barata. Nesse clima de completa solidão, Wall• E faz todas suas tarefas rotineiras. Até que certo dia, se encontra com um outro robô, a Eve que veio do espaço para fazer algo na Terra. A cena em que os dois se encontram chega a ser magnífica, beirando a perfeição. Nos primeiros minutos de filme, Wall• E já cativa a platéia e faz com que todos torçam por ele ao mesmo tempo que essas mesmas pessoas ficam abismadas em saber quem seria aquele outro robô. Depois de uma grande cena, os dois se encontram, cena que deveria por si só garantir o filme inteiro. Mas não foi só isso, pois o filme é excepcional do começo ao fim. Depois de encontrar-se com Eve, Wall• E a leva para sua casa. Lá, como verdadeiro apaixonado, que pode se comparar ao trapalhão Charles Chaplin em forma mecânica. O robozinho, começa a mostrar tudo o que tinha à Eve, e a mesma demonstra grande interesse por tudo. Quando ele mostra a Eve o que ela veio buscar, a mesma entra dentro de sua cápsula e fica imovel. É a partir dai que o filme começa, com uma aventura completamente inusitada. O cativante Charles Chaplin mecanizado vai em uma viagem ao espaço e se encontra com os humanos que estavam numa grande nave, a Axion. Eles estavam sobrevivendo nessa nave, até que os robôs acabassem de fazer o trabalho sujo.

Depois de muita ação, situações engraçadas e até mesmo situações emocionantes o filme acaba de forma otimista. A história do filme inclui tudo, desde a situação do planeta e no que ele pode se transformar e como o espaço poderia nos servir como refúgio. Um ponto altíssimo do filme é a naturalidade e a rapidez com que cativa o expectador, que pode ser relacionado a seu roteiro. A direção, super concisa de Andrew Stanton, que nos dá uma das melhores cenas românticas do ano.: a dança de Wall• E e Eve, que chega a quebrar todas expectativas.

A Pixar chegou a contratar Robert Deakins como consultor artístico, o que deu uma realidade a mais para o filme. A qualidade dos gráficos chega a ser impressionante, que deixa a experiência ainda melhor. A trilha de Thomas Newman chega a ser simplesmente a melhor trilha já composta pelo mestre. Não há palavras que resumam essa magnífica experiência, de assistir a um filme que não poupa seus recursos e que realmente nos traga uma história que valha a pena. Na sessão eu não sabia se olhava maravilhado para o filme ou se olhava para a expressão de meu irmão de seis anos. Acho que acabamos de presenciar outra obra-prima.