31 janeiro, 2009

Crítica dos Cinéfilos

Foi Apenas um Sonho
Por Rodrigo Mathias

Dirigido por Sam Mendes. Com: Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Michael Shannon, David Harbour, Richard Easton, Kathryn Hahn, Dylan Baker, Jay O. Sanders, Zoe Kazan, Kathy Bates.


Sam Mendes é um dos diretores mais competentes da atualidade. Com seus três filmes, todos de aspectos ligeiramente diferentes, mas em conteúdo sempre eram vastos. Primeiro, com Beleza Americana, um dos cinco melhores filmes que já vi na minha vida. O filme critica o famoso american way of life e além de tudo consegue ser um filme reflexivo e poético. Depois veio o filme Estrada para a perdição não tão primoroso quanto o primeiro, mas ainda assim muito eficaz. O último filme de Mendes foi Soldado Anônimo, igualmente poderoso mas com diversas concepções diferentes acerca do filme. Por fim, o projeto mais comentado do diretor após Beleza Americana é sem dúvidas Foi Apenas um Sonho, e posso dizer que também é o melhor filme de Mendes desde Beleza Americana. O motivo de tanto falatório do filme é por causa do reencontro de Kate Winslet e Leonardo Di Caprio, que desde Titanic não fizeram nenhum papel juntos.

Foi Apenas um Sonho segue a linha traçada por Beleza Americana, que mostra que o american way of life não é tão perfeito. E posso dizer que Sam Mendes nos presenteou com um dos melhores filmes do genêro. Se esperam um romance água com açúcar, podem ir desesperançosos ao cinema, pois o filme é um drama. O filme requer pouquissimo romance, já que os alicerces do filme seriam sobre o matrimônio e suas consequências negativas.

Leonardo Di Caprio vive Frank e Kate Winslet vive April, um casal que iniciou tudo conforme o padrão, apaixonados, e com sede de viver. Após um tempo, April é apresentada com dois filhos e uma esposa extremamente sofrida, já Frank é o famoso marido que não admite que algo possa estar dando errado no relacionamento. O problema é que ambos não se amam como antigamente, e quando surge a oportunidade de irem à Paris para realmente viver, que as esperanças de um novo amor surgir retornam (April principalmente).

Leonardo Di Caprio se entrega tão plenamente ao papel que chega a se tornar uma das melhores atuações do astro, que vem cada vez mais provando seu talento. Kate Winslet nem precisa de adjetivos, já que sua atuação por si mesma dá conta do recado. Mas o mais interessante é que Michael Shannon é quem rouba a cena, nas pouquissimas vezes em que aparece. Ele é uma das pessoas que diz o que pensa no filme, e com isso consegue realmente merecer sua indicação ao Oscar. Seria realmente dificil se sobressair entre astros dos calibre em que Shannon contracenou, mas isso não foi empecilho e temos uma das melhores cenas com ele.



A direção de Sam Mendes é segura e consegue manter o drama sem apelar para o piegas ou o clichê. O que vemos nas telas é realmente real, sensível e ao mesmo tempo forte. As discussões entre Frank e April são extremamente bem escritas por Justin Haythe e conduzidas com maestria por Mendes, aliás, fazia tempo que não via cenas tão complexas dramaticas tão bem inseridas quanto nesse filme. Lembrando que o desfecho do filme é realmente uma das melhores partes do filme.

Tecnicamente o filme merece certa ênfase por sua produção artística, sua fotografia e sua trillha. A fotografia do filme é tão perfeita que chega a complicar os membros da Academia na escolha, talvez injusta em excluir o filme. Determinada cena em que me esbanjei do conceito de fotografia é onde um baile possui toda a coloração verde e os personagens principais estão com a fotografia pastel padrão. Conforme a câmera habilidosa de Mendes passa pelo caminho, vemos a interpolação entre o ambiente verde e o pastel, conprovando a fotografia de mestre. A trilha de Thomas Newman não fica muito para trás, e confere o sentimento de repetidão que o filme precisa.

Finalizando, fazia tempo que não via um filme com diálogos tão complexos e bem inseridos, que fez que Foi Apenas um Sonho se torne um dos melhores dramas dos últimos tempos. E temos que realmente agrader Mendes por nos prover um reencontro de Winslet e Di Caprio tão proveitoso.


Cotação: [Muito Bom]

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